terça-feira, 5 de maio de 2015

Aurora

Você está sempre a se por, como uma lembrança que nunca mais vai voltar, uma ferida aguda, ilegível, que pode ser sentida ao olhar um passado presente. Somos a metade de um todo que ainda não acabou, que não pode acabar, algo que evito pensar. Ao colocar na memória, o quebra cabeça que somos, sinto medo, nostalgia, as vezes orgulho... Olhar o antes é como chorar e ser feliz outra vez. Te deitar em meus medos e fazer um dia você entender um pouco do que sou. Como um anel do humor, que indica suposições ilegíveis. Um acaso, uma pedra no destino, que não pode ser rolada escada abaixo, pois a mesma já ocupou um espaço que deixa marcas por onde passa, uma bomba em meu peito, que quando tocada, quando lembrada, causa uma dor boa. Falo de você como se não existisse mais o nos, entretanto, a nossa faísca se tornou fogo, um fogo que arde e coroe, mas nutre. Penso em sumir, em correr de tudo, de mim. Mas penso, com total clareza nessas frases, marcas, lugares, luzes, beijos... Você é meu dano permanente, meu filme da vida real. Passo dias, horas pensando em te ligar, pra dizer que somos um, apesar das tantas barreiras que a vida nos da. Sempre seremos, pois arranhões no coração, pouco se arrumam com o tempo. Quero que saiba, que a lembrança que sua fisionomia me remete, é de tanto esmero, tanto amor. Um amor nunca sentido por ser algum, pois vivemos em completas ilusões, você já viveu tanto ilusões, se jogar em incertezas e ter medo de mudanças, zona de conforto. Sinto falta de rosas, romantismo, cartas. Você não, você é uma incógnita. Uma incógnita que me faz querer te salvar, mesmo minha vida sendo um completo dilúvio... Mostrar-te, as profundezas da alma, do corpo, do sentir. Livres, como viemos e vamos. Querer que você seja, além da preguiça, das coisas banais, da perdição, além de um menino com olhos da cor do bronze. Amei você, mas não por fora, como amam os bárbaros, mas amei uma luz, uma luz que você não conhece, que você nem imagina que existe, pois ao olharmos uma árvore, sabemos que a mesma é uma árvore; ao olharmos para nos mesmos, não temos idéia do que vemos. Você não tem idéia do que pode ser, do que és. A luz que ilumina meus olhos, e que me faz chorar quando se apaga. Poderia ser, como fui, alguém que não da importância para obter lucros. Mas prefiro regar, para obter frutos. Você é a falta das manhãs de segunda, as luzes na cidade, a chuva na janela, o gosto do novo e acima de tudo, a trajetória para o amanhã. Esse texto pode ser lido, em qualquer momento das nossas vidas, pois mostra um passado, um presente e um futuro. 

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